Lá vem o Sol
Estados Unidos - Texas
Lá estava ele sentado no pé de uma árvore, agonizando, sofrendo, olhando para o horizonte o que seria seu último nascer do sol, apenas esperando a morte chegar. Abaixando a cabeça, ele levou até seu ferimento uma das mãos e o pressionou. Ao voltar a palma para seus olhos pode ver o sangue que pingava pelos dedos. Era o sangue de uma mordida, uma profunda mordida de uma “criança”, mordida esta que faria com que Tom Parson, um homem de meio século de história, perdesse sua vida. Sua mente girava como um pião. No fundo sabia que não teria muito tempo de vida, sabia também que não havia condições de buscar qualquer tipo de ajuda.
- A quem eu estou enganando? Quem poderia me ajudar – hummm – numa hora destas? Não há nada que possa ser feito. Só espero – hummmmmmm – DROGA, QUE DOR – que me matem antes de que eu possa matar alguém.
Agora só lhe restava se lembrar dos bons momentos do qual a vida lhe presenteara. Com dificuldades, em meio aos fragmentos de imagens em sua cabeça, se lembrou de como era sua vida antes dos errantes. Lembrou do nascimento de cada um de seus três filhos, de seus netos e de quando se casou com Catarina, seu grande amor. Esforçou-se ao máximo para se manter lúcido. Antes que seus olhos se fechassem por completo ele ainda conseguiu ver o sol alaranjado completamente, então em meio aos gemidos começou a cantarolar uma velha canção:
Trezes horas atrás
Tom acordou assustado em meio àquela tarde de Outubro. Sonhava que filmava Catarina dar a luz a seu quarto filho. Após os médicos efetuarem a cesária, uma criança, toda ensangüentada, saltou do ventre e cravou os dentes nele. - “Malditos pesadelos” – Acordou praguejou assim que viu que nada daquilo era real.
- Droga, já passa das 5 da tarde.
Olhou para o lado e por uma das frestas das taboas que bloqueavam a janela, conseguiu ver uma tímida claridade querendo entrar em sua residência. Levantou-se, e antes mesmo de preparar algo para comer, se equipou com suas armas, uma faca de caçador, que lembrava uma pequena espada persa, e um velho mas mortal Magnum 44 Taurus. Através de um alçapão, que dava acesso a parte inferior da casa, localizado na cozinha, ele se deslocou até o lado de fora da casa e foi até o poço. Tudo que tinha que fazer era verificar se por ali não havia nenhum errante, descer o balde até o fundo, puxa-lo novamente e estocar mais um pouco daquele precioso líquido, e foi isso que ele fez, porém algo de inusitado aconteceu quando ele trouxe o balde à superfície.
- Caramba, caramba, que merda é esta?
O líquido era bem diferente do que ele estava acostumado a ver nestes últimos tempos. Era viscoso e escuro, lembrava a xarope. Não sabia o que era, mas de uma coisa tinha certeza, não era água pura, principalmente levando em conta o odor. Só tinha uma coisa a fazer, ir até o local de onde a água vinha, o riacho Pedacinho da Vida.
- Que bom, nada como começar o dia com surpresas. O serviço de água e esgoto desta cidade está de mal a pior – brincou com a situação em tom de ironia. Assim que entrou novamente em casa Tom comeu o que restou de seu almoço, um coelho assado e bebeu um gole de um forte chá. Antes de sair em busca de uma solução para seu problema ele verificou suas armas mais uma vez e colocou junto ao corpo um cantil de água e seu chapéu de cowboy as sorte. Mal sabia ele que sorte era algo que precisaria naquele dia, e muito.
Fonte: http://mortosfamintosorigem.blogspot.com.br/2012/12/contos-do-apocalipse-zumbi-guerra-pela.html
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