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14 novembro 2014

Contos Zumbi - A guerra pela sobrevivência da raça humana [Parte Final]

Revelações


O dia já estava amanhecendo, alguns raios de sol tocavam o rosto do velho,a gora todo ensanguentado. Aos poucos ele abriu os olhos e se lembrou do que aconteceu nas últimas horas. Ele estava fraco, não entendia como ainda não havia morrido ou se transformado numa daquelas coisas: “acho que alguém lá em cima gosta de mim” – pensou. Com as poucas forças que lhe restaram, se arrastou até a porta, conseguiu destrancá-la e foi até uma árvore, queria morrer com dignidade. Lá se encostou e ficou apreciando durante alguns minutos o nascer do sol enquanto cantava uma canção.

- LENNY....LENNY MEU AMOR!

Os gritos de uma mulher, que mesclava desespero e tristeza, vinham de onde Tom havia deixado os corpos perto da casa na noite anterior. O barulho chamou sua atenção. Ele olhou lentamente para o local.

- NÃO, NÃO, MINHA FILHA NÃO! SOFIA, FALE COM A MAMÃE, SOFIA, SOFIA. NÃO...POR QUÊ! – Desta vez os gritos vieram de dentro da casa.

- Aqui fora. Aqui.....fora. Por favor....aqui na......árvore. Socorro! – Tom, que agora expelia sangue pela boca enquanto tossia, tentou atrair a atenção da pessoa para ele. Suas esperanças de ser ouvido eram mínimas, porém ele conseguiu.
Correndo ainda em frenesi, a moça foi até a arvore e achou o velho moribundo. Com lágrimas no rosto e com um olhar congelante ela perguntou:



- O que aconteceu aqui? Por que meu marido e minha filhinha estão mortos?

Tom reconheceu aquela linda jovem latina, era Maria, esposa de Lenny e mãe de Sofia. Na medida do possível, explicou tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Disse que era o dono da casa e que ela foi invadida pelos errantes, porém ele conseguiu se livrar de alguns deles através das armadilhas. Quando a palavra “armadilha” foi dita, Maria enlouqueceu:

- Então você é o responsável pelas malditas armadilhas? Muito bom isso – ironizou. Saiba que graças a você, eu cai em uma de suas brilhantes armadilhas durante nossa fuga e quando minha família precisou de mim eu não estava lá para ajudá-los. Fiquei horas lá dentro de um maldito buraco tentando sair.

- Elas..... elas são necessárias. Além disso, graças às armadilhas pude entrar em casa e terminar de matar os errantes que mataram seu marido. Quanto à Sofia, ela saiu do alçapão da cozinha e me mordeu, não tive outra escolha a ser......a não ser.... ma...

Maria sabia qual a palavra que ele buscava, mas não queria ouvir. Sua cabeça estava a mil por hora. A emoção tomou conta da pobre mulher. Ela não sabia o que iria fazer dali em diante, não sabia mais como seria seu futuro, não sabia se quer se teria um futuro. A única coisa que sabia é que aquele velho todo ensanguentado pois fim a sua filhinha, e ela não queria saber se ela era uma errante ou não, Sofia era e sempre seria sua princesinha. A última imagem que ela tinha na lembrança de sua pequena ainda era de quando ela estava no estado Humano de vida.
Tom não tinha mais forças para falar, mal se mexia agora. Maria não tinha mais psicológico para pensar em nada. Foi então que a razão sussurrou ao seu ouvido. Dali alguns minutos àquele homem a sua frente deixaria de ser Humano e viraria um zumbi, um errante, um morto vivo. O único remédio para esta situação era uma boa dose cavalar de fratura craniana ou lesão cerebral.
A garota, ainda chorando, levantou a parte da frente de sua camisa suja de sangue com terra e retira uma arma. Era o 38 de Lenny, restando ainda uma bala no tambor. Ela se aproxima dele, fica de cócoras, a ponto de poder ficar olho no olho e aponta a arma para sua testa. Num último suspiro Tom diz:

- Obrigado.... por.....por....não deixar que eu ...vire um....deles minha jovem. - Não faço isso por você, velho, mas sim por Sofia e Lenny.

Ao terminar a frase ela puxa o cão da arma, coloca o dedo indicador no gatilho e com a mão esquerda abre o maxilar de Tom. Agora ela afasta a arma da testa dele e enfia o cano da arma na boca do pobre senhor. 
O gatilho foi puxado, o cão da arma bate na bala. O projétil percorre pelo cano até sair pela nuca daquele condenado, juntamente com partes de seu cérebro, que fica colado no tronco daquela árvore centenar. 
O barulho do tiro fez com os pássaros se assustassem e saíssem voando de medo. Maria pôs fim à vida de Tom Parson e matá-lo deixou-a menos culpada pela morte de seus entes queridos, isso não porque ela livrou o mundo de um novo errante, mas sim por ter tido a oportunidade de tirar a vida do homem que matou sua filha. Se ela estava certa ou não isso já não importava mais, pois sabia que aquele homem morreria de jeito ou de outro. Em sua consciência ter tirado a vida de Tom enquanto ainda estava na forma Humana dava à sua vingança um sabor ainda mais especial.

Fonte: http://mortosfamintosorigem.blogspot.com.br/2012/12/contos-do-apocalipse-zumbi-guerra-pela.html

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