De Álvares de Azevedo
O tempo alegre corria
Da infância nos anos meus;
O céu azul me sorria;
Que esperança, oh meu Deus!
Via uma verde campina,
Nele uma flor peregrina;
Tinha uma crença querida,
Sonhava glórias brilhantes,
No porvir da minha vida.
Dias de gozo e ventura,
Manhãs de purpúrea cor,
Tardes de elísia doçura,
Noites de ameno frescor;
O sol doirado fulgindo;
A lua argêntea luzindo;
Tudo, tudo prometia
Alegrias amorosas;
Canções do céu tão mimosas!
Tudo, tudo repetia.
Haver pensara no mundo
Uma sincera afeição
Amor leal e profundo,
Santo amor do coração;
Sonhava fruir delícias,
Ternas e meigas carícias;
Mulheres belas gozar,
Mais belas que a do Profeta,
Puro amor como o de poeta
Rendido lhes consagrar.
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