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10 setembro 2014

Cartas ao Remetente

Por Douglas Cavalcante.

- Deitado em sua cama de madeira sobre um colchão surrado pelo tempo. Francisco - ou para a amigos muito intimos como familiares, Seu Chico - dita a sua neta Jusceilia - .

Olá querido amigo,

Quanto tempo não nos falamos.

Estava lembrando de você nesse filhete de vida que me resta, dos momentos alegres que passamos lá atrás, em nossa infancia. E agora andamos muito distantes, eu aqui na mesma terra da poeira envermelhada morando na mesma casa branca no interior, e você ai perdido nessa Terra de Santa Cruz.
Já não sei se você lembra dessa cidade, onde nos conheçemos numa ida ao colégio que aqui só resta as parede de barro. Talvez você não lembre do momento que nos conheçemos - de baixo daquele Sol de meio-dia, aquele viradinho como merenda, onde eu só tinha um punhadinho de arroz com ovo que todo dia minha velha e santa mãe fazia lamentava não ter e, quanto tinha colocava no fundo da minha bolsa alçada de trapos. Naquele dia, uns filhos de uma mulher mal-amada vinheram e o jogaram no chão, pisoteando o meu almoço - foi uma dor tao grande me veio naquele momento. Um odio tão grande desses muleques que não tem amor por nada.
Só de saber que aquele era meu viradinho daquela semana,me pus ao chão de tanto pranto, cego pelas lagrimas de uma dor sem explicação. Dai, você apareceu. Veio até mim com uma sombra tão grande que cobria todo aquela franzina criança. - um gesto lento e dificil de um abraço em si -.

Foi tu que me levantou e dividiu a comida tua.
Foi tu que me secou os olhos das lagrimas de tanto sofrimento.
Foi tu que me acolheu quando eu ja não via-me com ninguem.

Dai, tu me levou a professora que com um sorriso me levou até um caminhão de beira de estrada e me deu uma melancia tão grande e gostosa que meu pranto sessou, e fui tão alegre para casa com aquela fruta.

Então foi ali que tudo começou ...

Com o passar dos dias, eu sabia que agora tava tudo muito melhor. Eu tinha com quem contar, quem me apoiar. E entao cresci com essa imensa felicidade. E com ela, minha familia. Como o primeiro de dez filhos e duas meninas eu pude dar tanta ajuda a eles, pode ajudar mamãe a criar todos eles, e a papai no trabalho na roça daquele velho fazendeiro que morava lá depois do riachinho que tinha depois da mercearia. Mais os dias se passaram e você sumiu, e dai então minha felicidade foi-se junto, como a poeira vermelha do nosso chão. E bate-volta, me vem tu na cabeça, e dai eu sorrio tão feliz que nem ninguem saberá que tive um amigo tão irmão que nem esse mundão de meu Deus pode apagar você do meu coração amargurado das dificuldades.

Hoje, não sou mais garoto, nem jovem, nem homem ... Hoje to deitado nesse leito, paralitico das pernas e dos braços, com a voz mais fraca que canto de passarinho novo, eu falo isso pra minha neta mais nova, que hoje tem a idade que tinhamos quando nos conheçemos.

Minha vida foi boa por saber que eu conheci você e que hoje posso falar isso para todos da minha familia.

- A voz ta fina, o ar ta faltando, meu coração ta mais lento que tartaruga e logo é chego a hora de ir te encontrar ... -.

Meu Deus, obrigado por estar comigo nos momentos mais dificieis dessa vida.

- Ultimo suspiro .

3 comentários:

  1. Confesso que seu texto me trouxe uma sensação boa. Achei forte e eu gosto muito disso. Gosto, principalmente, de términos sem finais - ou finais sem términos.

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  2. Seu texto é bom e forte!
    Apesar de um pouco triste, pensar em uma pessoa sem movimentos...
    Mas, a paz e calma da carta parece é mais forte!

    SEguindo aqui..
    Até!
    http://resenhasdalu.blogspot.com.br/

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  3. Que conto lindo. Profundo. Entra na alma de qualquer um. Maravilhoso, parabéns.
    formula-amor.blogspot.com

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