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23 outubro 2013

Missão De Guerra - Terceira Parte - (Continuação)

 Investida

Com alguns quilômetros da aldeia de Avaantã, o guerreiro espanhol Victor, um dos homens de maior destaque dos tércios espanhóis, observava, por entre as folhagens da floresta densa, a patrulha de alguns monstros, outrora, marinheiros franceses. Eles pareciam buscar por sobreviventes do naufrágio de um navio, também francês, que levou a pique uma de suas embarcações. Porém, parecia não ter havido sequer um sobrevivente.
Victor apenas observava.
Esses monstros não pareciam tão fortes. Na verdade, a infecção deles parecia ter ocorrido há pouco tempo. Quanto mais antigos, mais imunes e fortes são, assim como o tempo de incubação da praga no corpo desuas vítimas se proliferava mais rapidamente.
Victor sabia que poderia vencê-los e abstrair a informação que precisava o quanto antes: “onde se encontrava a última embarcação”?
Ele sabia que o plano original era dominar essa terra, criar um povo de infectados e, assim, dominar todo o resto do mundo, incluindo os reinos da Europa.
Destruindo a embarcação, impediria que eles atravessassem o mar, destruiriam a praga por aqui e ainda impediria que a próxima embarcação que viessem em ajuda fosse atacada. A névoa que costumava cobrir o litoral desfavorecia em muito qualquer outra nave de guerra. Foi sorte a última embarcação conseguir derrubar um dos navios dos monstros. Faltava apenas um.

Victor não podia mais esperar.
Mirou com o seu mosquete, disparou na cabeça de um dos monstros. As feras se assustaram, tomando posições ameaçadoras, como os monstros que eram, rosnando e mostrando os dentes. Correndo de forma sobre-humana para dentro das folhagens, esconderam-se na mata para alcançar o agressor.
Victor manteve-se calmo, captando a movimentação das folhas e o seu barulho, vindo em sua direção. Levantou uma pistola em direção ao mais próximo. O monstro saltou de meio às folhas com um urro ameaçador, apontando as garras em sua direção, o disparo foi instantâneo, no centro da testa.
Caiu morto.
Outra criatura saltou em sua direção, mais outra pistola deflagrou o seu disparo. Mais um monstro veio por terra. Victor sacou a sua espada, os monstros ainda eram novos e não tão poderosos, sofreriam com a sua lâmina. Foi o que aconteceu em seguida com mais uma criatura que saltou em sua direção, recebendo o corte da lâmina na altura do pescoço, fazendo a sua cabeça rolar.
Mais cinco monstros se apresentaram, Victor não temeu, puxou uma espada menor e apontou em suas direções. O primeiro avançou, porém esta apenas sentiu a sua garganta sendo cortada pela lâmina menor, recebendo o golpe da espada em seu pescoço em seguida.
Outros dois atacaram ao mesmo tempo, porém Victor se desviou com facilidade, cravando a espada menor na nuca de um, decapitando o outro.
Restavam apenas mais dois monstros.
– Vou perguntar uma última vez! – disse de forma ameaçadora. – Onde está o navio e o seu senhor?

Europa, Porto de Lisboa, Portugal. Meses atrás.

– Dom Esteves. – cumprimentou Dom Eurico, achegando-se ao General dos Tércios espanhóis.
– Governador. – disse em resposta.
Ambos olhavam para o grupo que havia se reunido de forma tão inusitada. Percebia-se os guerreiros ingleses Sir Gregory e Sir Ray; a esposa de Sir Gregory, a guerreira Lien, uma chinesa; e o árabe Abd El-Ramahn.
– Se quer me convidar para participar de outra aventura, – era o Dom Esteves novamente. – a minha resposta continua sendo a mesma. Somente um imprevisto como esse poderia nos unir novamente.
– Brasil, – disse Eurico. – a antiga terra de Vera Cruz.
– A maior colônia portuguesa. – disse em resposta.
– Ela breve será tomada por invasores franceses exilados e parece que nenhuma força naquela colônia parece ser capaz de deter os invasores. – sentenciou o governante portugueses.
– Eles são tão poderosos assim? – observou Esteves. – Meu Deus.
– Se dominarem essa colônia, os territórios espanhóis serão os próximos.
– O ser-humano é um ser insaciável.
– Por isso, temos guerreiros que convido em minhas aventuras.
– Governador, eu...
– Apenas escute.
Esteves se calou.
– A colônia está sendo tomada e parece que nada consegue impedir esses invasores. A coroa francesa diz desconhecer as ações de tais invasores, são exilados.
– Eles lançaram o seu lixo no terreno dos outros. Muito prático.
– Eu irei intervir. – sentenciou Dom Eurico.
– Não. Você é um governador e a cidade precisa de ti. Deixe isso para que a coroa resolva.
– Não posso.
– Por quê?
– Não posso lhe dizer...
– Em bom espanhol: “Não quero contar pra você”?
– Não. Em bom português: “Parece que o fim do buraco é mais embaixo, então não desejo especular”.
– Hum...
– Preciso de apoio e sei que não existe homem mais militarmente preparado do que você. Homens não serão problemas...
– Solicite a um dos seus generais. – concluiu Esteves.
– Esses já partiram, e não sabemos o que aconteceu lá.
– Já enviaram os seus melhores homens?
– Sim.
– Sem retorno de qualquer notícia
– Nem um bilhete...
– E por isso recorre a mim...
– Precisamos de um homem experiente em campos de batalhas diferente ao Europeu ou Asiático. E sei que já esteve na colônia espanhola anteriormente.

Hoje. Terras selvagens. Colônia portuguesa. Brasil.

A floresta densa estava estranhamente silenciosa. Mesmo se parasse para escutar os animais, ainda teria dificuldade. O local estava sem vida, ou algo havia espantado os animais da região. O sol ainda mostrava a sua luz. Victor continuava a cortar a floresta, seguindo as informações que arrancara dos seus outrora adversários. Havia uma baía, no qual as embarcações (agora embarcação) eram devidamente escondidas. Com pontos altos de observação, águas profundas e vasto espaço de navegação, mais de uma nau poderia sair e retornar rapidamente.
Victor ouviu o som do mar ao longe. Foi se aproximando furtivamente, evitando qualquer possível inimigo ou guarda de vigia. Ele esgueirou-se por entre a mata e as árvores, até se aproximar cume de um barranco. Escondeu-se entre as árvores.

Europa, Porto de Lisboa, Portugal. Meses atrás.

– Eu não acredito. – era Esteves, continuando a conversa. – Você não aceita ouvir um “não” como...
– Há algo de errado naquelas terras. As forças portuguesas não conseguiram impedir seja lá o que for que estiver surgindo. Após dominarem a vasta colônia, imagino qual deverá ser o próximo passo. Virão para cá ou dominarão toda a América, não duvido. Temos que evitar esse avanço a qualquer preço.
– Não acredito que quer fazer eu me sentir culpado.
– O inimigo está se sentindo à vontade em terras estranhas. – disse Eurico em tom sério. – Quando vierem para cá, serão terras familiares, o perigo será maior.
– Está exagerando.
– Preciso de um homem com a capacidade que você possui.
– Não posso ajudar. – concluiu o espanhol. – Preciso seguir para a península arábica, caminho oposto ao que me oferece.
– E o que pode fazer? – insistiu Eurico.
– Como?
– O que você pode fazer? – continuou. – Tem de haver um jeito para que isso possa funcionar. Precisamos cuidar desse assunto.

Hoje. Terras selvagens. Colônia portuguesa. Brasil.

O guerreiro espanhol Victor prosseguia. Ele sabia que, para Dom Esteves o indicá-lo nessa tarefa, o inimigo não seria fácil de derrotar. Mas não esperava que fosse tanto. Adentrou o covil sorrateiramente, esperando finalmente descobrir qual a base de apoio e avistar o último navio.

Europa, Porto de Lisboa, Portugal. Meses atrás.

Eurico continuava olhando para ele insistentemente.
– Sabe? – principiou Esteves. – Tem alguém que eu conheço que sabe tudo o que eu sei. Sabe tudo sobre tudo que você precisa por lá.
– É mesmo?
– Pode fazer o que você precisa ver feito tão bem quanto eu. – continuou Esteves. – Eu o treinei e lutamos lado a lado. Mesmo conhecimento sobre o novo mundo. Tudo mais. Se vocês não retornarem destas terras em sessenta dias, então partirei ao seu encontro, mas acredito que, com essa pessoa, não será necessário.
– Você confia nessa pessoa?
– Plenamente.
– Alguém que eu conheça?
– Não sei. Acho que não.
– Quem é?

Hoje. Terras selvagens. Colônia portuguesa. Brasil.

Victor observava. Subiu lentamente e silenciosamente até o mais alto ponto de observação, guardado por um dos recém-infectados, deveria eliminar tudo que o denunciasse. Atacou pela retaguarda, cortou o seu pescoço, impedindo-o de dar o alarme de invasão. O monstro tentou reagir, teve a cabeça arrancada. Seguiu para o ponto de vigia, percebeu a embarcação mais ao fundo.
Ainda na praia, percebia-se uma certa movimentação. Fitou os olhos. Percebeu os infectados mais antigos em formação militar. Parecia que haveria uma cerimônia, como honras marciais. Algo entorno de duzentos monstros tomavam posição frente ao seu líder. O infectado mais antigo mostrava-se em um palanque improvisado, superior aos demais.
“Mesmo após eliminarmos todos aqueles monstros, ver a morte de todos aqueles marinheiros infectados naquela batalha naval, sem contar que os corpos queimados para evitar a proliferação dos doentes, ainda assim, temos todos esses inimigos? Não temos como vencer!”
De súbito, pareceu que, mesmo a toda aquela distância, o filho bastardo da rainha-mãe, o primeiro infectado, farejou o cheiro de Victor. Ele olhou diretamente para o espanhol, sem dizer uma única palavra, todos olharam na mesma direção.
“Preciso sair daqui.”

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