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04 novembro 2013

Anjo no Meu Quarto

Hoje é dia de lua cheia e o sono passa longe da minha cama, longe de mim. Na verdade, eu estava dormindo. Dormindo, não. Cochilando. Quando, de repente, eu escuto um raspar de unhas na janela. Fiquei meio assustada, revirei-me na cama e fiquei imóvel. Medo. Confesso, fiquei com medo. Mas logo passou, pois eu senti uma sensação leve, uma corrente fria de ar soprava no meu rosto. Eu sabia. Claro! Havia alguém na janela. Hesitei um pouco, mas logo me revirei na cama e senti um clarão no quarto. Como assim? Como isso é possível? Não, eu devo é estar sonhando – foi o que eu pensei.
Passaram-se alguns segundos, esfreguei meus olhos e logo fui tomada por uma sensação de realidade muito forte. É fato. Há um anjo escondido no meu quarto. É verdade, eu o posso ver. Ele está bem ali, sentado na janela à minha frente. Dá para ver quando a brisa balança de leve a cortina. É sério, eu o posso ver atrás dela. Ele fica quietinho, só me olhando. Tem grandes olhos azuis, que formam um olhar bem curioso, penetrante. O que será que ele procura aqui, em mim? Às vezes, ele abre um sorriso. Tem belos dentes, uma boca bem delineada. Faz uma carinha doce, meiga. Demonstra uma ternura quase que imperceptível. Tem asas, grandes asas brancas rodeadas de um brilho muito intenso, quase que ofuscante. Eita! Ele saiu da janela! Que belo, anjos voam mesmo!

Durante algum tempo, ele ficou voando de leve no meu quarto. Batia as suas asas numa harmonia perfeita, fui embalada pelo ritmo sinuoso que aquele par branco e brilhante fazia. Ele analisava cada parte de mim. Sempre com ternura no olhar. Tem um sorriso realmente encantador. A sua presença me envolvia cada vez mais e eu não conseguia mover-me, é como se eu estivesse congelada. Intacta à presença dele... Desperta-me muita curiosidade.

Depois de muito observar (tanto em mim quanto no ambiente), o anjo veio para um plano mais próximo de mim. Vem aproximando-se cada vez mais e mais depressa que antes. Acaba de pousar sobre a minha cama, batendo as suas asas cada vez mais rápido. Seu rosto foi se transformando, não sei bem explicar. Parecia agora um rosto de malícia, não mais de ternura. Parou à minha frente e eu me apressei em falar:

- O que queres de mim, lindo anjo? - Ele não responde, só continua a fitar-me os olhos, com grande interesse e devoção à minha pessoa.
Num gesto rápido e delicado, acaba de pegar a minha mão com agilidade e firmeza:
- Ei, anjo! Não! Não, eu não quero ir. Solte-me, anjo... anjo! Anjo... - Tarde demais, fui assassinada por um anjo.


Por: Luana Chaves

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