Hoje é dia de lua
cheia e o sono passa longe da minha cama, longe de mim. Na verdade,
eu estava dormindo. Dormindo, não. Cochilando. Quando, de repente,
eu escuto um raspar de unhas na janela. Fiquei meio assustada,
revirei-me na cama e fiquei imóvel. Medo. Confesso, fiquei com medo.
Mas logo passou, pois eu senti uma sensação leve, uma corrente fria
de ar soprava no meu rosto. Eu sabia. Claro! Havia alguém na janela.
Hesitei um pouco, mas logo me revirei na cama e senti um clarão no
quarto. Como assim? Como isso é possível? Não, eu devo é estar
sonhando – foi o que eu pensei.
Passaram-se alguns
segundos, esfreguei meus olhos e logo fui tomada por uma sensação
de realidade muito forte. É fato. Há um anjo escondido no meu
quarto. É verdade, eu o posso ver. Ele está bem ali, sentado na
janela à minha frente. Dá para ver quando a brisa balança de leve
a cortina. É sério, eu o posso ver atrás dela. Ele fica quietinho,
só me olhando. Tem grandes olhos azuis, que formam um olhar bem
curioso, penetrante. O que será que ele procura aqui, em mim? Às
vezes, ele abre um sorriso. Tem belos dentes, uma boca bem delineada.
Faz uma carinha doce, meiga. Demonstra uma ternura quase que
imperceptível. Tem asas, grandes asas brancas rodeadas de um brilho
muito intenso, quase que ofuscante. Eita! Ele saiu da janela! Que
belo, anjos voam mesmo!
Durante algum tempo,
ele ficou voando de leve no meu quarto. Batia as suas asas numa
harmonia perfeita, fui embalada pelo ritmo sinuoso que aquele par
branco e brilhante fazia. Ele analisava cada parte de mim. Sempre com
ternura no olhar. Tem um sorriso realmente encantador. A sua presença
me envolvia cada vez mais e eu não conseguia mover-me, é como se eu
estivesse congelada. Intacta à presença dele... Desperta-me muita
curiosidade.
Depois de muito
observar (tanto em mim quanto no ambiente), o anjo veio para um plano
mais próximo de mim. Vem aproximando-se cada vez mais e mais
depressa que antes. Acaba de pousar sobre a minha cama, batendo as
suas asas cada vez mais rápido. Seu rosto foi se transformando, não
sei bem explicar. Parecia agora um rosto de malícia, não mais de
ternura. Parou à minha frente e eu me apressei em falar:
- O que queres de mim,
lindo anjo? - Ele não responde, só continua a fitar-me os olhos,
com grande interesse e devoção à minha pessoa.
Num gesto rápido e
delicado, acaba de pegar a minha mão com agilidade e firmeza:
- Ei, anjo! Não! Não,
eu não quero ir. Solte-me, anjo... anjo! Anjo... - Tarde demais, fui
assassinada por um anjo.
Por:
Luana Chaves
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