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18 setembro 2013

Ordem do Dragão - (Continuação l)

Na casa da Guarda.

O comandante observava o que ocorria no centro da cidade à partir da casa da guarda. Os soldados não tiveram sorte alguma contra o cavaleiro desconhecido e os feridos não paravam de chegar.
– Aonde você está, governador? – perguntava-se.
– Estou aqui, comandante Pedro. – disse à retaguarda do militar, para o seu espanto.
O comandante virou-se rapidamente, só então percebeu que ele não estava só, mas acompanhado de diversos outros guerreiros distintos. Havia o que se poderia chamar de dois cavaleiros ingleses, uma moça das terras do extremo oriente, um homem com vestimentas da guarda francesa, um árabe e um indígena.
– Cavalheiros, – continuou Dom Eurico. – vocês já devem ter conhecido o comandante Pedro Irineu Silveira.
Dom Eurico voltou-se ao militar.
– Comandante, reporte-nos o que está acontecendo.
– Temos uma ameaça de nível e perigo desconhecidos. – começou. – Aparenta ser um homem, trajado como um cavaleiro medieval. Não temos nenhum outro dado sobre ele, exceto que surgiu no centro da cidade, em meio aos comerciantes e explodiu soldados meus de altíssimos preparo. Então...
– Explodiu? – era sir Ray.
– Como a um canhão? – era Lien.
– Não sabemos. – continuou o comandante. – Mas ele tem clamado pelo governador e destruído tudo que se encontra em seu caminho, incluindo civis e os meus soldados de elite. – apontou para a direção do qual homens feridos eram trazidos. – Não estamos preparados para isso...
– Ó, meu Deus. – era Lien.
– Eles eram “Soldados de Elite”? – era o Califa.
Os soldados feridos despontaram na entrada da sala enquanto outros os carregavam, estavam deveras machucados, sangrando por demais. Sua armas e armaduras estavam destruídas. Alguns estavam desmembrados. Gritavam de dor.
– Eram. – continuou o comandante, voltando-se para Dom Eurico.
– O que devemos fazer, senhor?
Eurico observou rapidamente.
– Comandante, – ordenou. – preciso de um batalhão de retaguarda e um grupo para evacuar os civis. Eu irei ao seu encontro!
– Senhor, – retrucou o comandante. – o senhor ir ao seu encontro é justo o que ele deseja. Sequer sabemos quem ou o que ele é. E essa coisa destruiu tudo que pus em seu caminho. Quanto à evacuação, os meus homens já se encontram no local.
– Chame a minha esposa. – complementou Eurico. – Precisamos de toda a força hábil de combate no local.
– Eu não trouxe os meus homens comigo. – era Esteves. – Victor seria de grande ajuda...
– Não trouxe? – era Lien. – E se fosse uma emergência, tipo, como esta?
– Era apenas uma reunião...
– Comandante, – continuou Eurico. – precisamos de alto poder de fogo.
– O que precisar, senhor.
– Aponte todos os canhões para o centro de Eurico.
– Mas o senhor estará bem no meio de tudo...
– Comandante, o povo...
Pedro hesitou por um instante.
– Sim, senhor. Darei ordens para que o façam...
Esteves adiantou-se.
– Deixe-me ir na frente.
– Não. – retrucou Dom Eurico. – Essa luta é minha e não envolverei a vida de vocês.
Esteves aborreceu-se.
– Se essa luta for fruto do teor da conversa que estávamos tratando minutos atrás, então eu estou envolvido!
– Mas...
– Dom Paulo Barros Eurico, – continuou o espanhol. – aquela coisa está buscando por sua vida e milhares de pessoas dependem da sua sobrevivência! Deixe-me ir na frente!

Momentos depois. No centro.

O cavaleiro continuava a sua destruição, agora invadindo uma praça. Os soldados estavam todos acuados. Os cidadãos de Eurico corriam em pleno desespero. Esteves despontou do outro lado da praça.
– Estou vendo o cavaleiro e não faço ideia do que estou olhando, senhores. – disse Esteves.
Soldados de Elite e Arqueiros dos muros de Eurico surgiram ao seu lado.
– Senhor, – disse o mais próximo. – já levantamos todas as informações possíveis e nada bateu com algo que se parecesse com isso.
– Já estive em diversas lutas, – respondeu Esteves. – e não ser capaz de sequer imaginar do que se trata essa cavaleiro é um tanto assustador. Irei tentar faze um contato pacificamente.
– Eu não faria isso, senhor. – retrucou o soldado. – Essa também foi a missão da tropa de elite anterior.
– Ainda há pessoas aqui, tenho de fazer algo.
Os soldados apontaram os seus mosquetes e flechas enquanto Esteves aproximava-se lentamente, sem empunhar arma alguma ou mostrar intenção de ataque.
– Cavaleiro, – disse. – chamam-me de Dom João Afonso Esteves de Sevilha, o Guerreiro Segundo o Coração de Deus, sou um dos comandantes dos tércios espanhóis. Acredito que tenha um pouco de reputação nos outros países e no seu também. Já ouviu falar?
O cavaleiro parou.
– Ele parou. – observou o califa, acompanhado dos demais, observando a uma certa distância.
– Cuidado, Esteves. – suplicou Dom Eurico.
– Você pode falar? – continuou o espanhol. – Ou se comunicar de alguma maneira que eu possa entender?
O cavaleiro manteve-se em silêncio.
– Esse cara parece um maluco! – era Lien. – Qual é o segredo para ser capaz de explodir coisas e ferir tantos?
– Fique em silêncio. – respondeu Sir Gregory.
– Quem é você? – insista o espanhol. – O que você quer?
O cavaleiro pareceu querer dizer algo.
– Dan... – disse. – te...
– O que foi que ele disse? – era Lien mais uma vez.
– Ele disse “Dante”. – respondeu Ray.
– Dante? – continuou o espanhol. – Seu nome é Dante?
– Sim...
– Dante Alighieri? Você não seria ele, não é? Esse é o único nome que eu...
– Dante...
– Certo. Dante. Por que está ferindo pessoas? Como consegue explodir as coisas? Onde você está indo?
O cavaleiro manteve-se em silêncio por alguns instantes. Então estendeu a mão.
– Euric...
Foi quando se ouviu um disparo, advindo da tropa de elite da cidade.
– Não! – repreendeu o espanhol.
– Eu o tinha na mira, senhor! – disse o soldado. – Acertei no meio da testa.
Esteves olhou de volta enquanto via o cavaleiro levantando-se.
– Você só o enfureceu. – concluiu. – Seja lá o que ele estiver usando, é resistente às nossas armas...
O cavaleiro apontou em direção aos soldados e Esteves.
– Cuidado! – disse o espanhol enquanto saltava rapidamente.
Só foi possível perceber uma forte explosão em meio aos soldados, uma coluna de fogo levantou-se com fúria. A explosão estremeceu a todos, inclusive Eurico e os demais. Dom Esteves escapou por pouco, mas totalmente desnorteado.
– Esteves! – gritou Eurico seguindo em sua direção, foi quando percebeu Avaantã seguindo mais à frente.
Dom Esteves tentou levantar-se, porém não conseguiu. O cavaleiro novamente apontou em sua direção. Foi quando se viu uma flecha cravar-se na fresta da armadura do cavaleiro, jogando-o para trás, era Dona Maria D’Ana Eurico, aproximando-se do espanhol.
– Acreditei que a sua reputação o tornaria imune a explosões. – disse ela ao espanhol.
– Dona Maria? – disse com espanto. – Como chegou aqui tão rápido?
– Mantive-me próximo. – respondeu.
– Você o derrotou?
Maria olhou para o lugar onde estava o cavaleiro, este levantava-se lentamente.
– Acredito que minha flecha não acertou fundo o suficiente. Quem em sã consciência iria querer continuar uma batalha com uma flecha cravada em um olho?
A criatura arrancou a seta de sua vista, jogando-a no chão.
– É melhor a gente sair daqui. – disse ela oferecendo apoio ao espanhol.
Os dois levantaram-se rapidamente. A criatura os fitou com o olho que restava, apontou a sua mão. Ele explodiria a ambos. Só foi possível enxergar um vulto de um guerreiro, passando a uma velocidade quase sobre-humana, acompanhado de um grito de guerra característico dos povos selvagens; para quem estava acostumado a correr em terras selvagens, transpor terras planas era deveras fácil.
Avaantã lançou-se sobre o cavaleiro.
– O que foi aquilo? – perguntou o espanhol ainda desnorteado.
Maria sorriu.
– Avaantã. – respondeu. – O Guerreiro Selvagem.
O tacape do guerreiro ascendeu contra o tronco do cavaleiro, o jogando para trás, golpeando-o em seguida, sem oferecer trégua. O cavaleiro tentou golpeá-lo em resposta. O seu punho, coberto pela armadura, arrancou sangue de sua boca. A resposta do selvagem, ignorando o ataque, foi imediata, acertando o queixo do inimigo, forçando a cabeça do seu adversário para trás.
– Esteves! – era Eurico. – Você está bem?
– Logo. Ajudem o selvagem...
Mais um golpe partiu de seu tacape, seguindo do céu à terra, forçando a cabeça do cavaleiro para baixo. O cavaleiro reagiu agarrando o pescoço do guerreiro selvagem, impedindo a próxima investida. O cavaleiro arremessou Avaantã para fora da praça, a força daquele ser parecia descomunal. Olhou em direção ao nobre espanhol, percebeu novos guerreiros à sua volta. Entre eles, o governador da cidade de Eurico.
Seguiu em sua direção.
– Ele está vindo para cá! – era Lien. – E acredito que nenhuma de nossas armas de corte ou perfuração tenham efeito contra aquela armadura. Ela aguentou um disparo de arma de fogo! Precisamos do guerreiro selvagem!
– Maria! – era Eurico. – Retire Esteves daqui!
Sua esposa rapidamente o atendeu.
Depardieu e Abd El-Ramahn já estavam de espada em punho, partiram de encontro. Sir Ray e Sir Gregory vieram logo em seguida. Lien arremessou o seu primeiro punhal, sem surtir efeito algum. As espadas dos outros quatro guerreiros também tiveram o mesmo efeito, a armadura suportou cada golpe de corte ou perfuração. O cavaleiro ignorou a todos, seguindo em direção a Dom Eurico.
– Eurico! – era Depardieu. – Saia daí! Você é o alvo!
O cavaleiro levantou a sua mão.
– Eu estou preparado! – respondeu. – Acho que entendi o seu truque! Afastem-se dele!
Todos se afastaram. O cavaleiro apontou a sua mão em direção ao governador da cidade de Eurico.
– E aí vamos nós.
Foi quando Dom Eurico percebeu, por debaixo do punho do braço metálico do cavaleiro, um pequeno explosivo de mão sendo arremessado em sua direção, o governador o apanhou em pleno ar e o arremessou de volta rapidamente.
A explosão colheu o cavaleiro, atingindo todos os outros com o deslocamento de ar.
– Eurico! – disse Depardieu em meio a coluna de fogo que se levantava.

Fora do campo de Batalha.

Esteves recobrou os sentidos, levantou-se rapidamente, retornou para a batalha.
– O homem quase foi pego em uma explosão e está retornando para o campo de batalha? – perguntou um dos soldados.
Dona Maria sorriu.
– É por isso que o meu esposo o considera um grande guerreiro.

No campo de Batalha.

– Guerreiros, – era Eurico. – estou bem!
Todos estavam atordoados com a explosão, jogados por terra, mas o foco havia ocorrido sobre o cavaleiro, este estava derribado.
– Fui capaz de deduzir a forma como ele arremessa os seus explosivos. – continuou. – Sim! Eu descobri o mistério! Ele possui um tipo de compartimento nessa estranha armadura que lhe possibilita arremessar explosivos de mão assim que estende o braço. Ele deve possuir algum tipo de estoque em suas costas, único lugar para reter tantos explosivos. – o cavaleiro começou a levantar-se. – Não sei se serei capaz de arremessar de volta o maldito explosivo novamente. É certo que sua armadura é de uma resistência fora do comum, pois resistiu a todos os ataques até então e uma explosão. Este homem deve ser algum louco ou deve ter a mentalidade de uma criança, pois esse ataque é um ataque suicida! Estou dizendo o mais rápido que posso caso aconteça algo... – o cavaleiro olhou em sua direção mais uma vez. – comigo...
– Eurico! – era Sir Ray tentando levantar-se, ainda em vão.
O cavaleiro ergueu novamente o braço, seria impossível efetuar a mesma proeza maios uma vez.
– Isso não é bom. – disse enquanto via a sua vida passar diante dos seus olhos.
Eurico só foi capaz de ver o compartimento no braço do cavaleiro abrindo-se. Foi quando o tacape de Avaantã surgiu sobre o braço do inimigo, acompanhado de um grito de guerra, forçando-o a abaixá-lo. Golpeou a cara do cavaleiro em seguida, sem dar trégua.
– Avaantã voltou! – exclamou Eurico com alívio. – Ufa!
O selvagem atacou mais algumas vezes a sua cabeça.
– Como você está? – era Esteves de volta ao combate, oferecendo apoio a Dom Eurico.
– Avaantã o está segurando da maneira que pode. Parece ser o único a conseguir. Todas as outras armas parecem inúteis frente àquela armadura. Quando isso terminar, irei condecorar aquele homem. Onde está Maria?
– Logo atrás. Tem algum plano?
– Talvez.
Os guerreiros já se encontravam restabelecidos, retornando para a batalha. O cavaleiro agarrou o selvagem pelo pescoço mais uma vez, era a vez da katana de Sir Ray descer sobre o braço do inimigo. A armadura resistiu ao ataque, o cavaleiro tentou revidar. Foi quando a espada chinesa de Sir Gregory atacou uma das juntas da armadura, cravando-se na dobradiça e impedindo que o cavaleiro pudesse estender um dos braços. O mesmo ataque se repetiu no outro braço, por parte do senhor Depardieu. O inimigo não poderia mais arremessar bombas de mão.
O tacape de Avaantã cortou o ar sobre a cabeça do cavaleiro novamente, dessa vez o deixando atordoado. O califa golpeou uma de suas pernas, fazendo-o cair de frente. Lien saltou sobre as suas costas, tentando cravar um dos seus punhais na junta do compartimento que guardava as “granadas”, tentou forçar uma abertura. O cavaleiro reagiu, Lien afastou-se com agilidade, deixando o punhal preso na fenda. O inimigo tentou esticar os seus braços; porém, em vão. Era a vez da espada de Dom Esteves, agora golpeando o lugar onde Lien havia cravado o seu punhal, finalmente abrindo uma pequena fenda.
– Agora! – gritou Eurico.
Dona Maria D’Ana ergueu o seu arco com a ponta de sua flecha em chamas e disparou. A seta cortou o ar formando uma labareda, acertando a fenda no compartimento às costas do cavaleiro e injetando fogo nos explosivos em estoque.
A explosão alçou ao céu com força.
Todos os guerreiros foram arremessados sem piedade.

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