Existiam dois irmãos chamados Anup e Bata. Anup era o irmão mais velho e já era casado e Bata o mais novo. Eles viviam na mesma casa e Anup e sua esposa tratavam Bata como a um filho. Bata trabalhava no campo e era muito forte “pois a força de um deus estava nele”(ARAÚJO, Emanuel. 2000 p. 83). Bata trabalhava e levava diariamente suas colheitas para o irmão e depois de jantar com a família, ia para o estábulo dormir no meio do gado. Além da colheita, Bata também cuidava do gado e conseguia ter o melhor rebanho de todos, pois ouvia o que os bois diziam e estes lhe indicavam o melhor lugar para se pastar.
Quando chegou a estação da lavra, ambos os irmãos foram para o campo para arar a terra, mas chegou um momento que as sementes acabaram e Anup pediu que Bata voltasse para casa pegar mais sementes. Chegando em casa, Bata encontrou a irmã de seu irmão sentada trançando o cabelo e Bata requisitou-lhe as sementes, no entanto, ela apenas se virou pra ele e disse:
Quando chegou a estação da lavra, ambos os irmãos foram para o campo para arar a terra, mas chegou um momento que as sementes acabaram e Anup pediu que Bata voltasse para casa pegar mais sementes. Chegando em casa, Bata encontrou a irmã de seu irmão sentada trançando o cabelo e Bata requisitou-lhe as sementes, no entanto, ela apenas se virou pra ele e disse:
– Vá você pegá-las! Não quero estragar meu penteado!
Bata foi então ele mesmo ao celeiro e pegou as sementes necessárias para continuar a aragem com seu irmão. Quando saía, a esposa de Anup ficou muito assombrada com a enorme força de Bata “e desejou conhecê-lo como se conhece um homem” (Op cit, 2000, p. 85). Ofereceu então que ficassem deitados juntos por uma hora. Bata ficou furioso pela proposta libidinosa e disse:
– Você e meu irmão são como uma mãe e um pai para mim! Como você faz uma proposta desta? Nunca mais faça isso. Não direi a ninguém.
Voltou então para o campo e, junto de seu irmão araram toda a terra.
Ao fim do trabalho no campo, Anup voltou para sua casa enquanto Bata levava o gado de volta para o estábulo. Nesse meio tempo, a mulher de Anup estava com muito medo então resolveu fingir que Bata havia batido nela. Quando Anup entra em casa, sua esposa estava deitada parecendo muito doente e vomitando. Anup quis saber o que tinha acontecido e ela disse que quando Bata veio pegar as sementes ele quis se deitar com ela e por ter recusado a proposta, ele bateu nela ameaçando-a para que não contasse nada. Anup ficou furioso e foi ao estábulo matar o irmão.
Enquanto Bata colocava o gado para dentro do estábulo, os animais começaram a avisá-lo que seu irmão mais velho vinha com uma lança para matar-lhe então Bata deixou tudo e fugiu da lança de Anup que o perseguia. Enquanto Bata fugia, este orava a Pa-Ra-Hor-akhti para que ele fosse o juiz desta contenda e Pa-Ra decide aceitar a súplica criando entre os irmãos um pântano infestado de crocodilos. Anup batia com força nas mãos com raiva por não conseguir matar o irmão. Assim, ambos esperaram até o dia raiar para que Pa-Ra mediasse a briga.
No dia seguinte Bata explica o que realmente aconteceu e Anup fica arrasado pela traição de sua eposa. Bata, muito triste pela atitude de seu irmão, diz: “Nunca mais morarei de novo contigo, não estarei no lugar onde estiveres. Irei para o vale dos Pinheiros. (…) <Vieste> matar-me traiçoeiramente com tua lança pela vulva de uma prostituta!” (Op cit, 2000, p. 86-87). Em um ato de desespero, Bata se castra com um junto afiado e Anup sofre muito por ver seu irmão sofrer de longe e não poder fazer nada. Bata então avisa seu irmão que nunca mais voltaria para sua casa e que, no vale dos Pinheiros iria colocar seu coração em cima da flor do pinheiro e que, caso algo acontecesse com ele, Anup veria sua caneca de cerveja transbordar e que ele poderia ajudá-lo dessa forma. Se separaram então e quando Anup chegou em casa matou sua mulher e jogou-a aos cães.
Bata viveu durante muito tempo sozinho caçando no vale dos Pinheiros e construiu uma mansão com suas próprias mãos. Um dia, a Enéada encontra Bata e, condoída pela solidão dele, pede a Chnum que modele uma esposa para Bata. E ela tinha a semente de cada deus dentro dela. “As Sete Hator vieram vê-la e disseram em uníssono: ‘Ela morrerá pela espada!’” (Op cit, 2000, p. 89). Bata se apaixonou por ela e disse:
– Nunca se afaste da mansão para que o Mar não te pegue, pois não poderei salvar-te. Vou contar-lhe o segredo de meu coração.
Um dia, no entanto, o Mar consegue, com a ajuda do Pinheiro, pegar uma mecha de seu cabelo e levá-la para o Egito aonde ficavam os lavadeiros do faraó, v.p.s. Sua fragrância penetrou todas as roupas reais e este repreendia os lavadeiros pelo cheiro constante que ninguém conseguia descobrir de onde vinha. Até que um dia o chefe dos lavadeiros encontra a mecha flutuando e a leva ao faraó, v.p.s.
Os sábios explicam ao faraó, v.p.s., que esta mecha era de uma filha de Pa-Ra-Hor-akhti e que ela era de outra terra. O faraó, v.p.s., então envia mensageiros por todas as terras para encontrar a moça e descobre que os mensageiros que foram ao vale dos Pinheiros não voltaram; isso porque Bata os havia matado e apenas um voltou para avisar o acontecido ao faraó, v.p.s. Este então enviou muitos homens para o vale dos Pinheiros e junto a eles uma mulher com muitos presentes para jovem. A esposa de Bata aceita então ir para a corte do faraó, v.p.s., e torna-se a grande favorita de Sua Majestade, v.p.s. Ela conta ao mesmo que para matar Bata precisava-se apenas cortar o pinheiro onde seu coração estava localizado e o faraó, v.p.,s., assim fez.
Nesse momento, Anup pegava em sua casa uma caneca de cerveja que imediatamente começou a transbordar e sem demora foi atrás de seu irmão. Quando Anup chegou na casa de Bata, lá estava ele deitado morto e seguiu numa longa busca para encontrar o coração de seu irmão mais novo. Quando estava quase desistindo, Anup encontra o coração e o coloca numa tigela de água fresca. Ao fim do dia ele consegue acordar seu irmão e, após se abraçarem, Bata diz:
- “Vê, eu me transformarei em um grande touro de belas cores, de uma espécie desconhecida, e tu sentar-te-ás em meu lombo. Quando o Sol nascer chegaremos ao lugar onde está minha mulher, para que eu possa vingar-me dela, e me conduzirás até onde o rei se encontra, pois ele te recompensará com tudo de bom. Serás gratificado com prata e ouro por ter-me levado ao faraó, v.p.s., porque serei uma grande maravilha e haverá júbilo por minha causa no país inteiro. Depois voltarás para tua aldeia.” (Op cit, 2000, p.91)
Isso realmente aconteceu e Bata tornou-se um touro sagrado vivendo nas terras do faraó, v.p.s. Um dia, Bata encontra sua esposa e diz:
– Viu? Eu não morri! Agora sou um touro!
Ela se assustou muito e consegue convencer o faraó, v.p.s., a abater o touro. Apesar de estar muito triste, o governante faz a vontade de sua grande favorita. No entanto, enquanto ele era carregado, duas gotas de seu sangue tocam o batente do faraó, v.p.s., e disso nascem duas enormes perséias e todos ficam felizes pela graça e o governante faz oferendas às mesmas.
Então um dia as perséias falam com a esposa e avisam que elas são Bata novamente e que ela não conseguiria matá-lo. A esposa de Bata, assustada mais uma vez consegue novamente convencer o faraó a derrubar as perséias e ele, muito triste, manda cortarem as árvores e transformá-las em belos móveis para a grande favorita. No entanto, enquanto cortavam a árvore a esposa de Bata, que assistia a tudo de perto, engole uma farpa da árvore e engravida.
Muitos anos depois, o menino gerado nesta gravidez torna-se príncipe da Núbia e herdeiro do trono. Quando Sua Majestade, v.p.s., voou para o céu, este menino tornou-se faraó, v.p.s., e então ordenou: “Que me tragam os grandes dignitários de Sua Majestade, v.p.s., para que os faça saber tudo o que me aconteceu!” (Op cit, 2000, p. 94) A grande favorita foi trazida e todos a julgaram culpada pelo que fez ao agora faraó, v.p.s., e foi sentenciada à morte.
Bata governou por trinta anos e, após partir para a vida, seu irmão Anup ascendeu ao seu lugar.
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