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30 julho 2013

Um conto da vida real

A Bahia tem uma cidade chamada Senhor do Bonfim, nome que me emociona hoje. Só mesmo na Bahia! Passei muitas férias lá, na casa do Tio Jair e Tia Judith. Na primeira vez, acho que tinha somente seis anos. Andava livre por todas as ruas, com dinheiro no bolso.

Na partida de Salvador, meu pai Agenor me entregou uns trocados para comprar qualquer coisa. Um dia, depois do almoço, saí sozinho e fui à feira. Passei de barraca em barraca, pensando em comprar um pião, uma pinha, um docinho de leite em quadradinhos, quando esbarrei numa lata de feijão de corda – que caiu, espalhando tudo.

Muitas décadas depois, lembro com detalhes do feirante, mulato, 40 anos, de chapéu, que disse: “Menino, você vai ter de pagar por este feijão!” Sem vacilar, respondi com dignidade: “Tenho cinco reais!” (dinheiro equivalente, é claro). O cara pegou minha cédula e me mandou embora.

Hoje penso que ele, bem velhinho, talvez ainda esteja vendendo feijão na feira. Da minha parte, depois de rodar o mundo, aprendi a pedir o troco de volta.

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