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11 setembro 2013

O Resgate (Final)

A filha do Mandarim se encontrava no interior de um aposento, vigiada por dois homens pelo lado de dentro. Do lado de fora, ainda havia mais dois guardas. A moça não via esperança de fuga e sobrevivência. Aceitava calada o que lhe aconteceria: ser vendida por alto preço como artigo de prostituição. Malditos eram aqueles que compravam aquele tipo artigo. Um suspiro de tristeza irrompeu de sua boca.
Foi quando a moça ouviu um som de batalha do lado de fora do aposento, os vigias se olharam, então se prepararam para resistir ao que estivesse tentando invadir o lugar. A filha do Mandarim teve um raio de esperança. Talvez o seu pai tivesse enviado um exército para resgatá-La. Era isso! Só podia ser! Todos os homens fiéis ao seu pai estavam agora do outro lado daquela porta!
– Aqui! – gritou a moça por instinto.
– Fique quieta! – disse um dos capangas.
Foi quando a porta se rompeu, vindo abaixo. Qual não foi a sua surpresa ao perceber uma jovem guerreira transpassando os limites da entrada da sala.
O primeiro guarda investiu, apenas para sentir um forte golpe na garganta e outro no nariz, de baixo para cima, quebrando-o e imobilizando de dor. O guarda seguinte avançou com a sua espada. A jovem guerreira desviou-se do golpe abaixando-se e deixando-o passar por sobre a cabeça. O golpe seguinte dela foi no punho da espada, desarmando o vigia. O seguinte acertou-lhe o rosto, o estômago e o meio das pernas, caiu gemendo de dor.
A moça apenas observava atônita a ação da jovem guerreira. Os guardas ficaram por terra enquanto Lien se aproximava da filha do Mandarim.
– Senhorita Liu. – disse Lien tentando confirmar a identidade da moça.
– Apenas uma pessoa para me resgatar? – perguntou a filha do Mandarim, um tanto impressionada e um pouco contrariada.
– A única pessoa. – respondeu Lien sorrindo.
– Talvez você precise de reforço...
O sino do castelo badalou de súbito, talvez alguns corpos tenham sido encontrados, não dava mais para voltar pelo mesmo caminho que havia feito.
Lien aproximou-se da janela enquanto ouvia o som pesado dos sinos, logo aquela sala estaria cheia de pessoas prontas a revidar a invasão. A guerreira puxou a moça com força, amarrando uma corda em sua cintura, amarrando a outra ponta nos pés dos homens desacordados.
– Está louca? – gritou a moça, assustada. – Os corpos não vão aguentar o meu peso até lá embaixo. E demorarei muito para descer. Até lá, o chão já estará repleto de guardas.
Lien abriu um novo sorriso.
– Então não podemos perder mais tempo. – disse empurrando-a em direção à janela.
– “Podemos”? – gritou a moça com espanto.
– Não se preocupe com o nosso peso! Os corpos servirão de âncoras!
– “Nosso peso”! – gritou agora cheia de pavor. – “Âncoras”?
A sala se encheu de homens enquanto Lien agarrava a filha do Mandarim, saltando em direção ao nada. O grito de Liu pôde ser escutado por toda a extensão da propriedade. Lien segurou firme a corda, não estava amarrada a ela. Quando a corda se tencionou, arrastou os dois corpos, puxando tudo o que estava no caminha, inclusive derrubando outros guardas que estavam prestes a disparar algumas flechas, entremeando com demais objetos e contra a parede pela qual a jovem guerreira e a pequena moça saltaram.
A queda livre foi detida com sucesso.
Lien rapidamente livrou Liu de suas amarras e ambas se embrenharam em meio à vegetação sob uma chuva de flechas zunindo por toda parte.
A louca escapada continuou se embrenhando pelo meio da mata. Após algum tempo de fuga, a guerreira Lien não conteve o ar de felicidade. Liu não conseguia conter o de alívio.
– Acho que estamos livres. – comentou Lien enquanto recuperava o fôlego.
– Não creio. – retrucou Liu, tomada pela incerteza e com o ar compulsivamente invadindo os seus pulmões. – Eles não vão deixar por isso. É óbvio que haverá retaliação. Eles virão atrás de mim e de meu pai novamente.
A guerreira Lien colocou a mão no ombro da moça.
– Antes, terão de passar por mim e por toda a minha família...

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