Porto de Lisboa, Portugal. Meses atrás.
– Acho que isso não vai dar certo, Eurico. – disse Sir Ray olhando para o oceano.
– Por quê? – insistia Dom Paulo Eurico.
– Como assim? Por que não acompanhá-lo numa viagem, juntamente com Sir Gregory e Lien, para um outro continente ainda mais distante da minha terra natal? Não é possível, tenho os meus próprios problemas para cuidar.
– Como o quê?
– O Japão, sempre em desavenças...
– Você nunca me pareceu levar muito jeito para ser um japonês, Ray.
– Fiz promessas para o meu sensei, tenho que cumprir.
– Venha conosco, será proveitoso para você.
– Já encarei perigos demais longe da minha terra, e...
– Seria uma honra se viesse comigo.
– Do que está falando?
– Pode parecer meio estranho, mas você faz-me lembrar que precisamos viver à altura de nosso potencial, e tudo mais. Além de guerreiro, transpira um caráter que vi fazer falta a muitos cristãos. Consegue me entender?
– Sim...
– Venha conosco nessa missão, tenho certeza que não irá se arrepender.
– Está bem, mas – continuou Ray agora olhando para os demais companheiros de Dom Eurico, além de Sir Gregory. Fitou um general espanhol e um aventureiro árabe. – olha que bando esquisito acompanha você em suas viagens.
– Não estou querendo muito de você nessa missão. Tanto o árabe quanto o espanhol virão apenas se perceberem algum problema ou se eu não retornar.
– Por que eu, assim de repente?
– Não foi de repente. Sempre está faltando algo ou alguém. Estou sendo tão franco quanto você poderia ser.
Ray coçou a cabeça.
– Tudo bem, – era o Eurico. – vamos colocar dessa forma: sou um homem rico, governante de uma cidade. O que você quer e não tem?
– Está me comprando?
– Negociando...
Hoje. Terras selvagens. Colônia portuguesa. Brasil.
Sir Ray foi arremessando contra as madeiras de sustentação da casa, seu corpo bateu em um pilar rodopiando em seguida, caindo perto de Sir Gregory. Tentou colocar-se de pé, apoiando-se em um dos joelhos, observou a jovem moça ao qual vieram salvar. Esta correu para longe.
– Não tomo uma decisão que preste desde que saí do Japão, juro por...
– E então, mulher? – era Philipe. – Entrega o seu corpo por bem ou por mal?
Lien baixou as suas armas.
– E depois, Philipe?
– Cansou-me de chamar-me de “monstro“? Não me chame de nada além daquilo que eu sou para você: o seu senhor.
– Um poder de um “deus”. Retornou dos mortos. E o que isso trouxe a você?
– Bom, eu acabo de derrotar seus dois companheiros e não estou vendo sua espada em riste, sequer uma piadinha de mal-gosto.
– Você não me entendeu.
– Porque você é uma tola.
– Um poder de um deus e a única coisa que faz é crescer o seu rebanho para entregá-lo ao seu senhor.
– Não me provoque...
– Não estou.
– Então, o quê?
– Só estou esperando que, sinceramente, isso doa muito, seu animal!
Phillipe teve apenas um segundo ao olhar para trás e perceber a espada de Sir Ray rasgando as suas costas, lugar onde ele era vulnerável. O seu gritoi veio em seguida.
Lien preparou mais um dos seus punhais e levantou a sua espada. A katana de Sir Ray o cortou novamente.
– Desgraçado! – gritou ele enquanto girava para acertá-lo.
Mais um punhal cravou em suas costas, seguido de um forte golpe de Lien. O monstro cambaleou.
– Não...
Foi quando ele fitou Sir Gregory de pé.
– Sim... – disse o inglês.
O golpe seguinte fez com que o monstro caísse desacordado.
– Bom, – disse Lien. – fizemos quase tudo certinho.
Os demais selvagens já haviam feito a sua parte.
– Queimem o corpo antes que o monstro desperte. – ordenou Sir Gregory. – E retornemos para a aldeia.