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24 julho 2013

A Ponte do Diabo de Saint Guilhem-le-Désert

Por causa da beleza, real ou imaginária, de uma mulher às vezes os homens cometem os erros mais incríveis, como sugere uma antiga lenda da região de Aude, na França.

Pelo fim do século XIII, uma linda princesa aragonesa foi convidada por Jean de Bruyères, senhor de Puivert para ficar em seu magnífico castelo.

Ela adorava as colinas da paisagem e, sobretudo, meditar olhando para o lago, sentada numa rocha em forma de cadeira esculpida como por arte de magia.

Mas, uma noite de tempestades fez desbordarem os rios e a cheia do lago cobriu a cadeira.

O senhor Jean, muito gentilmente se aproximou e disse à bela:

- Mas, ... mas ... eu vejo muito triste minha senhora.

- Não, meu Senhor.

- Princesa, se eu posso ler seus olhos tão azuis que costumam fazer o céu ficar pálido...

- Não, não, é simples poeira nos olhos...

- Eu vou mandar construir um muro para impedir o pó empregando todas essas pessoas, disse o senhor.

- Não façais nada, meu senhor, a verdade é outra, disse a princesa sabendo que esse senhor faria qualquer coisa por ela.

- Diga-me, princesa, eu quero ver seu sorriso.

- A chuva cobriu meu banco, e eu não posso ouvir os pássaros e o leve sopro do vento nesse local.

Vendo a tristeza da Bela, o senhor decidiu iniciar o trabalho para regular o nível do lago e, assim, voltar a contemplar o brilho de neve e o sorriso brilhante como o sol em seus olhos tão azuis.

E fez-se assim. Então, durante muitas semanas, todo pareceu radiante para o senhor e para a bela.

E também para a natureza que resplandecia.

Às vezes um pouco de chuva fazia subir o rio, mas a barragem regulava o nível perfeitamente, e quando as gotas haviam desaparecido a bela voltava para o lindo lugar de felicidade.

Mas a "mãe natureza" é mais forte que um amor platônico. Uma noite, em junho de 1289, a chuva ficou mais violenta, o nível do rio cresceu desmesuradamente, e as águas arrepresadas acabaram arrebentando a barragem do lago.

A enchente engoliu todo o vale e afogaram-se os habitantes da cidade nas encostas da montanha chamada Mirepoix.

A princesa quis ver a gravidade das chuvas, chegou muito perto da correnteza e ela também foi tragada pela enxurrada devastadora.

Desde aquela triste data, no anoitecer, em conversas e vigílias, em voz baixa, os habitantes do vale contam que nas noites de chuva, uma mulher vestida de branco vagueia ao redor do castelo para evitar que os caminhantes sejam vítimas do perigo.

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