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11 julho 2013

Sonho tenso (continuação)

Ao ouvir isso, minha vontade era de quebrar tudo naquela casa, minha indignação era imensa, e eu não sabia o que falar ao certo, só sabia que eu me senti injustiçado:
 
-Como vocês duas me deixam de fora de algo assim? Vocês são loucas de mexerem com essas coisas, isso não é brinquedo! Como fazem isso sem me consultar?
 
-Nós sabíamos que você não ia concordar meu irmão, mas era isso que eu queria pra mim, esse é meu propósito de vida, e se não fosse essa chama de esperança acesa eu já teria me matado a muito tempo.
Essas palavras de Paula me chocaram, então elas me entregaram um exame de sangue confirmando que ela estava grávida, mesmo com toda a felicidade delas eu não acreditava que elas apelaram para magia negra, eu nunca soube como isso funcionava, só sabia que isso não acabaria bem. Depois disso eu fui para meu quarto, me preparei e fui trabalhar como se nada tivesse acontecido.

 

Mesmo com a felicidade das duas eu não podia aceitar aquilo, minha mãe mexendo com bruxas, minha irmã com algo dentro da barriga dela que não foi gerado de forma humana, aquilo não me deixou em paz. E durante toda a gestação eu me mantive frio, triste e decepcionado com as duas. A felicidade das duas aumentava junto com a barriga de Paula e cada dia elas estavam mais felizes, e quando estávamos próximos aos 6 meses descobrimos que eram gêmeos, eram 2 meninos, assim como ela sonhava, assim como as bruxas disseram.
  Mas então as coisas começaram a dar errado, Paula vomitava muito, não comia direito, e foi emagrecendo, os bebês estavam consumindo ela, e toda sua energia, e mesmo feliz ela estava pálida, estava acabada, aquilo não estava certo, aquilo não era normal.

 
Então aos 8 meses eu descobri onde era essa reunião e fui até lá para conversar com as bruxas e ver como salvar minha irmã daquilo tudo. Quando cheguei lá tudo estava vazio e parecia um galpão abandonado, confirmei varias vezes se aquele era o endereço certo, e sim era lá. Comecei a investigar as paredes, o chão, e procurar por algo a mais, quando achei um alçapão debaixo de um tapete, abri e desci. Lá era como uma caverna de bruxaria, caveiras e velas em todo lugar e uma mesa no meio toda velha, tudo escuro, e então havia duas mulheres conversando, eu me escondi e ouvi as conversa.
 
-Está quase na hora, nosso filho está chegando, em breve vai nascer 2 meninos, um anjo e um demônio saíram da barriga daquela jovem. Precisaremos estar presentes na hora do nascimento, pois segundo a maldição só um poderá viver, e então mataremos o anjo e levaremos o demônio para casa.
Quando ouvi isso, não podia acreditar que se referia a Paula, mas continuei escutando.

 
-A jovem e sua mãe foram enviadas para nossa fazenda e lá faremos o ritual, mataremos o anjo assim que ele nascer, eles são muito diferentes fisicamente um vai sair totalmente feio, com cicatrizes e marcas de mordida no corpo, o outro será lindo como um anjo cabelos loiros e olhos claros, não será difícil distingui-los.
 
Elas então saíram, e eu fui correndo para casa impedir Paula de ir para essa fazenda, mas quando cheguei em casa elas já tinha ido e deixado um bilhete, dizendo onde era a fazenda e dizendo que eu não podia ir pois era um encontro de mulheres. Pesquisei o endereço da fazenda na hora e fui correndo para lá.
  No caminho minha mente parecia explodir e eu estava totalmente atormentado com a idéia de tudo que estava acontecendo, mas ai encontrei uma camionete vermelha igual a da minha mãe parada fora da pista, e vários gritos.

 
Chegando lá encontrei Paula, deitada na carroceria gritando muito e dizendo:
 
-Meu deus, que bom que você está aqui, as mulheres são todas loucas, tentaram me prender e vieram com facas pra cima de mim, iam abrir minha barriga e tirar meus filhos, então eu e minha mãe conseguimos fugir, estávamos indo embora mas elas nos acharam, eu me escondi aqui mas elas levaram minha mãe. Agora os bebês estão nascendo e eu não sei o que fazer.
 
Eu estava em pânico mas sabia o que tinha que fazer, tinha que fazer o parto da minha irmã. Foi uma das coisas mais difíceis e tensas da minha vida, mas era preciso, então comecei a tira-los de lá e então consegui ver o rosto dos dois, assim como as velhas disseram, um parecia um monstro, todo machucado, vermelho de aranhões, mordidas, era o bebê mais feio que eu já vi, e o outro era totalmente diferente, olhos claros, cabelos loiros, parecia um anjo.
 
Os dois abriram os olhos e me olharam lá no fundo como se soubessem o que estava por vir, minha irmã estava desmaiada e só eu estava lá, com os dois e tendo que tomar a decisão de matar um, eles me olhavam sem nem piscar, sabendo o que estava por vir, então eu tirei meu canivete e sem pensar muito rasguei a garganta do bebê defeituoso, ele não soltou uma lagrima, nem chorou, simplesmente fechou os olhos e morreu. O outro começou a chorar histericamente e parece que todo o medo que eu sentia tinha ido embora, o bebe fechou os olhos e começou a chorar e eu me senti mais tranqüilo.
  Depois disso eu sabia que tinha tomado a decisão certa, salvei o anjo e matei o demônio, então diriji até a cidade com minha irmã e nos mudamos, fomos pra uma fazenda e nos refugiamos ali, eu menti a ela, dizendo que um bebe nasceu morto, e ela acreditou devido as complicações do parto.

 
O menino me assustava as vezes, ele me encarava muito tempo, quase nunca ria ou brincava, estava sempre quieto na dele, mas pensei que fosse coisa da idade. Então no dia que ele completou 6 anos veio um homem velho a nossa casa e pediu para conversar comigo.
Ele contou uma história de 2 irmãos que tinham que se enfrentar por toda a eternidade, eles foram amaldiçoados e ficavam nascendo juntos por anos, mas apenas um podia sobreviver, e ele me disse com essas palavras:

 
-Desde Caim e Abel, muitas pessoas têm que escolher qual desses dois devem viver, mas a maioria toma a decisão errada. Elas se baseiam na beleza, e não no olhar dos bebês.
 
Nessa hora a criança entrou na sala e me olhou fixamente nos olhos, depois ele se transformou em um monstro, assim como o bebê que eu tinha matado, ele ficou com mordidas, aranhões, todo enrugado e vermelho, os olhos totalmente vermelhos continuavam me olhando e ele disse:
 
-Você tomou a decisão errada. Você só tinha que olhar no fundo dos meus olhos, e ver o quanto de sangue ele tinha, o sangue de todos que eu já matei.
 
E com deu um leve sorriso e depois me atacou, cortando minha garganta do jeito que eu cortei a do seu irmão.
 
 Então eu acordei.

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