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31 julho 2013

Mito de Osiris E Isis


Osíris e Ísis foram induzidos a descer sobre a terra, a fim de espalhar dádivas e bênçãos sobre os seus habitantes. Isis ensinou-lhes, primeiro, o uso do trigo e da cevada, e Osíris fez os instrumentos de agricultura e ensinou aos homens como usá-los, assim como atrelar o boi ao arado.
Depois, deu leis aos homens, a instituição do casamento, uma organização civil, e explicou-lhes como deviam adorar os deuses.
Tendo, assim, feito do vale do Nilo uma região feliz, reuniu uma hoste, com a qual foi distribuir suas bênçãos ao resto do mundo. Conquistou nações por toda a parte, mas não com armas, apenas com música e eloqüência. Seu irmão, Tifão, viu aquilo, e encheu-se de inveja e malícia, procurando, durante sua ausência, usurpar-lhe o trono. Isis, porém, que mantinha as rédeas do governo em suas mãos, frustrou-lhe os planos.
Ainda mais amargurado ele resolveu matar o irmão, o que fez da seguinte maneira:

Tendo organizado uma conspiração de setenta e dois membros, foi com eles à festa que estava sendo celebrada para comemorar a volta do rei. Fez com que uma caixa, ou cofre, fosse trazido para ali — e ele o tinha mandado fazer exatamente do tamanho de Osíris, — declarando que daria aquele cofre de madeira preciosa, fosse a quem fosse que coubesse perfeitamente nele.
Todos os presentes tentaram em vão, mas assim que Osíris entrou no cofre, Tifão e seus companheiros fecharam-lhe a tampa e atiraram-no ao Nilo.
Quando Ísis soube do assassinato cruel chorou e lamentou-se, e, com os cabelos cortados, vestida de preto e batendo no próprio peito, procurou diligentemente o corpo do marido.
Naquela procura foi materialmente assistido por Anúbis, o filho de Osíris e Neftis. Durante algum tempo procuraram sem sucesso, porque quando o cofre, levado pelas vagas para as margens de Biblos, ficou encravado nos caniços que cresciam à beira da água, o divino poder que resistia no corpo de Osíris comunicou tal força à moita, que ela cresceu como árvore poderosa, encerrando em seu tronco o ataúde do deus.
Aquela árvore, com seu sagrado depósito, foi logo depois cortada e levantada, como coluna, no palácio do Rei da Fenícia. Com auxílio de Anúbis e das aves sagradas, Isis teve, por fim, conhecimento daqueles fatos, e foi para a cidade real. Ali, ofereceu-se no palácio, como serva. Sendo admitida, libertou-se de seu disfarce e apareceu como deusa, cercada de trovões e relâmpagos.
Batendo na coluna com a mão, fendeu-a pelo meio, e encontrou o ataúde sagrado. Apoderou-se dele, e voltou, escondendo-o na profundeza de uma floresta. Tifão, porém, descobriu o fato, e, cortando o corpo em catorze pedaços, espalhou-os para todos os lados. Depois de exaustiva busca, Isis encontrou treze desses pedaços, pois os peixes do Nilo haviam comido o décimo quarto.
Aquele pedaço ela o substituiu por uma imitação, feita de madeira de sicômoro, e enterrou o corpo em Filoe, que daí por diante tornou-se o grande local de enterramentos da nação, e o ponto de peregrinações, que vêm de todos os recantos do país. Um templo de inimitável beleza foi ali erguido em honra do deus, e em cada um dos lugares onde seus membros tinham sido encontrados, templos menores levantaram-se, para comemorar o acontecimento.
Osíris tornou-se, depois disso, a deidade tutelar dos egípcios. Dizem que sua alma foi habitar o corpo do touro Ápis, transferindo-se, por ocasião da morte do animal, para o corpo daquele que o sucedesse.
Ápis, o touro de Mênfis, era adorado com a maior reverência pelos egípcios. O exemplar, que deveria ser Ápis, fazia-se reconhecível através de certos sinais. Precisava ser bem preto, com um quadrado branco na fronte, e outro, em forma de águia, nas costas. Sob a língua devia mostrar uma excrescência carnosa, na forma de um escaravelho.
Assim que um touro dessa forma assinalado era obtido pelos que o procuravam, colocavam-no em edifício especial, de frente para o oriente, e alimentavam-no com leite durante quatro meses. Quando esse prazo expirava, os sacerdotes dirigiam-se, no dia da lua nova, para a habitação dele, com grande pompa, e saudavam-no como Ápis. Era, então, colocado num navio magnificamente ornamentado e levado pelo Nilo abaixo, para Mênfis, onde um templo, com duas capelas e um pátio para exercício, a ele era dedicado. Faziam sacrifícios em sua honra, e, uma vez por ano, mais ou menos na época em que o Nilo começava a subir, uma taça de ouro era atirada ao rio, e grande festival organizado, para comemorar o aniversário do animal sagrado. O povo acreditava que durante aquele festival, os crocodilos esqueciam sua natural ferocidade e tornavam-se inofensivos.
Havia um único inconveniente na vida feliz do boi Ápis: não lhe era permitido viver além de um certo período, e, se ao atingir a idade de vinte e cinco anos ele ainda estava vivo, os sacerdotes afogavam-no numa cisterna sagrada, e depois enterravam-no no templo de Serápis.
Por ocasião da morte daquele boi, se ela ocorresse de forma pouco natural ou violenta, o país inteiro ficava cheio de tristeza e lamentações, que duravam até que seu sucessor fosse encontrado.

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